A arte de escrever – exercício de interpretação

Depois de lermos dois artigos que falam sobre a dificuldade que algumas pessoas têm de ler e entender os textos e quais os aspectos a serem observados para uma correta interpretação de texto, hoje queremos partir para a prática. Recomendo, caso seja sua primeira leitura aqui no site, que você passe antes pela leitura e resolução dos exercícios que discutem a ideia de que o brasileiro não sabe escrever. A teoria na prática. Para uma reflexão sobre os vários tipos de textos que produzimos e sobre a importância deles na escola, propomos a leitura de “A arte de escrever”. Depois de ler o texto, responda às questões.

Leia também o texto no qual digo qual é a fórmula para escrever bem.

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Exercício de leitura e interpretação

A arte de escrever

Há, portanto, uma arte de escrever – que é a redação. Não é uma prerrogativa dos literatos, senão uma atividade social indispensável, para a qual falta, não obstante, muitas vezes, uma preparação preliminar.
A arte de falar, necessária à exposição oral, é mais fácil na medida em que se beneficia da prática da fala cotidiana, de cujos elementos parte em princípio.
O que há de comum, antes de tudo, entre a exposição oral e a escrita é a necessidade da boa composição, isto é, uma distribuição metódica e compreensível de ideias.
Impõe-se igualmente a visualização de um objetivo definido. Ninguém é capaz de escrever bem, se não sabe bem o que vai escrever.
Justamente por causa disso, as condições para a redação no exercício da vida profissional ou no intercâmbio amplo dentro da sociedade são muito diversas das da redação escolar. A convicção do que vamos dizer, a importância que há em dizê-lo, o domínio de um assunto da nossa especialidade tiram à redação o caráter negativo de mero exercício formal, como tem na escola.
Qualquer um de nós senhor de um assunto é, em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há um jeito especial para a redação, ao contrário do que muita gente pensa. Há apenas uma falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vencem.
Por outro lado, a arte de escrever, na medida em que consubstancia a nossa capacidade de expressão do pensar e do sentir, tem de, firmar raízes na nossa própria personalidade e decorre, em grande parte, de um trabalho nosso para desenvolver a personalidade por este ângulo. […] A arte de escrever precisa assentar numa atividade preliminar já radicada, que parte do ensino
escolar e de um hábito de leitura inteligentemente conduzido; depende muito, portanto, de nós mesmos, de uma disciplina mental adquirida pela autocrítica e pela observação cuidadosa do que outros com bom resultado escreveram.

CÂMARA JR., J. Mattoso. Manual de expressão oral & escrita. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1983.

1. Explique com suas palavras a seguinte afirmação: “[A redação] Não é uma prerrogativa dos literatos, senão uma atividade social indispensável […]”.

2. Qual é o principal ponto em comum entre a produção de um texto oral e de um texto escrito?


3. Explique o que o autor quer dizer no quarto parágrafo com: “Impõe-se igualmente a visualização de um objetivo definido”.

4. Quais as diferenças entre a produção de um texto no exercício da vida profissional ou social e a produção de um texto para as aulas de redação?

5. Embora seja um mero exercício formal, a prática de produção de textos na escola é útil e aparece justificada em algumas passagens do texto de Mattoso Câmara. Aponte uma dessas passagens.

[sociallocker id=”33″]Gabarito dos exercícios de interpretação

1.  Esta resposta é pessoal. Sugiro apenas discutir as diferenças que há entre um texto artístico escrito por literatos e os textos que a vida profissional e social exigem cotidianamente.

2.  É o que Mattoso Câmara chama de “uma boa composição, isto é, de uma distribuição metódica e compreensível de ideias”, além da “visualização de um objetivo definido”. Em outras palavras: organização, estrutura, sintaxe, coesão, coerência etc.

3.  A ideia básica aparece resumida na seguinte frase:”Ninguém é capaz de escrever bem se não sabe bem o que vai escrever”. Ou seja, ninguém consegue escrever sobre algo que não domina, sobre algo de que não tem informações, como também ninguém consegue escrever um bom texto sem ter claro por que, para que e para quem está escrevendo.

4.  Na vida profissional ou social, escrevemos com objetivos definidos; sabemos por que, sobre o que e para quem estamos escrevendo; o texto tem uma função utilitária evidente. Na escola, a produção de texto é vista apenas como “mero exercício formal” e, em consequência, o estudante não percebe (ou não valoriza) a função de treinamento e aprimoramento.

Caso você seja professor, pense… O que se procura fazer hoje nas aulas de produção de textos é dar esses subsídios para o aluno escrever -os temas fazem parte do cotidiano do aluno, são discutidos; os textos devem ter um destinatário, um objetivo, deve ser criada uma determinada situação etc.

A sugestão que dou aqui é discutir que a resposta a uma questão dissertativa numa prova ou uma exposição oral são produções de texto tanto quanto uma redação na aula de português.

No primeiro parágrafo temos a seguinte passagem: “para a qual falta, não obstante, muitas vezes, uma preparação preliminar”; no sexto parágrafo:”Há apenas uma falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vencem.”; no último parágrafo, a justificativa mais evidente: “A arte de escrever precisa assentar numa atividade preliminar já radicada, que parte do ensino escolar e de um hábito de leitura inteligentemente conduzido […]” [/sociallocker]