Encadeamento lógico na redação do Enem
Já lemos no artigo anterior a relação que há entre lógica, razão a redação do Enem.
Hoje continuaremos a discussão sabendo que nunca conseguiremos abarcar todo conteúdo necessário para construir uma redação perfeita.
Isso porque é necessário relacionar tudo que se aprendeu na vida, isto é, a bagagem cultural (ou repertório como dizem os professores).
Por isso mesmo você deve acompanhar no site que mostra como fazer uma redação perfeita no Enem.
Lá você verá o passo a passo para montar um texto perfeito.
Encadeamento lógico na redação perfeita do Enem
Quando somos convencidos e dizemos que o outro tem razão sobre um certo tópico, estamos, na verdade, julgando o encadeamento lógico de seu raciocínio.
Essa avaliação envolve quatro quesitos: inferência, coerência interna, coerência externa e suficiência.
Esses quesitos podem ser expressos, respectivamente, na forma de quatro perguntas:
1. A conclusão pode ser inferida dos dados anteriormente apresentados?
2. Essa conclusão é coerente com o restante dos dados presentes no texto?
3. Nosso conhecimento de mundo não entra em contradição com ela?
4. Os dados expostos no texto são suficientes para que a conclusão pareça compreensível ou, ao contrário, fica a sensação de que faltam informações para que se assuma uma posição sobre a questão?
Na base de todas as respostas, estará o encadeamento do raciocínio exposto no texto, os vínculos lógicos que o enunciador tramou entre as ideias que apresenta.
Encadeamento do raciocínio no texto
As relações racionais entre argumentos podem ser resumidas em cinco tipos fundamentais.
Relação de causalidade
Trata-se de analisar a ligação imediata entre causa e consequência, ou seja, entre motivo anterior e seu inequívoco resultado posterior.
Enfrentar um problema desde sua origem, combatendo-lhe as causas geradoras, é a maneira mais produtiva de superá-lo; por isso, essa é, provavelmente, a relação lógica mais usual e também a de maior eficácia argumentativa, já que qualquer fenômeno examinado a partir de sua gestação parece merecer maior credibilidade, favorecendo a persuasão.
Relação de finalidade
Trata-se de explorar a ligação entre um evento e os objetivos pretendidos ou atingidos com ele. Em princípio, qualquer atitude cuja finalidade seja a preservação do bem coletivo deve ser encorajada, angariando a concordância do auditório universal.
Atitudes orientadas para a consecução de objetivos particulares, que vão contra os interesses comunitários, desencadeiam a desaprovação, dando ensejo à discordância por parte do auditório universal.
Relação de condição
Trata-se de explicitar uma conjuntura, real ou hipotética, que favoreça a preservação ou a alteração de uma situação sob exame.
O exame das condições de existência de um certo fenômeno é, portanto, imprescindível, seja para possibilitar sua sobrevida, seja para acelerar seu perecimento.
E certo que a existência de condições favoráveis não é razão suficiente para a manifestação de um evento, mas sua inexistência basta para que ele não ocorra, por isso a exposição das condições pode ter papel fundamental no percurso argumentativo.
Relação de comparação
Trata-se de estabelecer paralelos entre contextos que, sob qualquer ponto de vista, possam ser assemelhados.
A comparação pode ser orientada para ressaltar as semelhanças, sugerindo uma relação de analogia que daria amparo a uma conclusão similar, ou para enfatizar os contrastes, conduzindo a conclusões opostas.
Relação de ressalva
Trata-se de uma articulação que se desenvolve em dois momentos: no primeiro, dados que poderiam conduzir a uma conclusão diferente da que o texto defende são reconhecidos como válidos (momento da concessão) para, em seguida, depois de reconsiderados à luz dos argumentos expostos pelo texto, serem considerados menos relevantes (momento da reafirmação).
A ressalva tem eficácia argumentativa na medida em que as objeções que o auditório interporia são desde logo previstas e anuladas, o que revela o domínio do enunciador sobre as variáveis envolvidas no tema, manifesta o seu respeito pelos argumentos esgrimidos pelos outros debatedores e, consequentemente, solidifica a tese defendida.