Coesão textual
A coesão textual diz respeito ao fato de os diversos constituintes do texto estarem associados, unidos, formando um todo, entendido como um texto, em relação a um não texto. A coesão, assim definida, como já dissemos em outros artigos em nosso site, é um dos fatores essenciais à noção de textualidade.
Embora a coesão não ocorra somente entre sentenças, tecnicamente, um importante autor a define como “uma maneira de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sentença A”.
Considere o trecho de um texto retirado da internet:
Fazendo-se passar por gari, o psicólogo Fernando Braga da Costa varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado sobre a “invisibilidade pública”, Braga sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano.
Nenhum usuário da língua portuguesa diria que se trata de um não texto. Isso se deve a um elemento presente na sentença B, que faz uma ligação semântica com um termo já mencionado na sentença A – a palavra Braga, que repete parte do nome próprio do psicólogo Fernando Braga da Costa.
Você poderia substituir essa palavra por outras possíveis (ele, o pesquisador, o psicólogo, etc.), sem quebrar essa unidade semântica chamada coesão. Cada troca, contudo, pode produzir um efeito de sentido diferente. A retomada por pronome pessoal, nome próprio ou parte dele seria considerada como escolha mais neutra, ao passo que a retomada por uma expressão como o dedicado pesquisador já produziria um efeito de menos neutralidade. Caso a palavra Braga, no entanto, fosse substituída pela expressão Essa invisibilidade, o resultado seria considerado um não texto. Porque, apesar de recuperar gramaticalmente um termo presente na sentença A, a expressão introduzida não estabelece com o restante da sentença B um nexo semântico ou lógico. Decorre daí o mal-estar de um texto incoerente.
A língua dispõe de vários recursos de coesão. A coesão referencial e a coesão sequencial são dois deles. Para saber mais sobre o assunto, acesse meu curso Português Pra Passar.