Exercícios sobre Romantismo com gabarito

Um dos períodos mais estudados no Ensino Médio é o Modernismo. Costumo vê-lo com frequência também nas provas e vestibulares que meus alunos fazem. Além dele, sempre digo para estudarem com mais atenção o Modernismo. Bem, hoje quero trazer para vocês alguns exercícios sobre a estética romântica. Através deles você poderá estudar mais as características desse período literário tão frutífero.

Exercícios com gabarito sobre Romantismo

A estética romântica: idealização e arrebatamento. Romantismo em Portugal

 

A história trágica de um amor desmedido
A Dama das Camélias narra a história de um sentimento tão forte que enfrenta as barreiras sociais e morais de sua época. A paixão entre Marguerite Gautier, uma bela cortesã dos salões parisienses, e Armand Duval, um jovem dividido entre o amor e o preconceito, é o tema desse romance de Alexandre Dumas Filho, narrado em primeira pessoa por um narrador-testemunha. Os dois jovens se apaixonam e, contra toda a hipocrisia da sociedade burguesa da época, vivem sua história de amor. Quando Marguerite decide deixar de ser amante para se tornar mulher, surgem os obstáculos sociais: os amantes separam-se e ela, enfraquecida pela tuberculose, morre longe de seu amado.

 

O texto a seguir, extraído de A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, é uma carta da protagonista ao seu amado, quando já estavam separados, e enviada pouco antes de a moça morrer. Leia o trecho atentamente e responda às questões de 1 a 5.

A Dama das Camélias

Meu querido Armand, recebi a sua carta […]. Sim, meu amigo, estou doente, e doente de uma dessas doenças que não perdoam. Mas o interesse que você ainda tem por mim diminui bastante o meu sofrimento. Certamente não viverei tempo suficiente para segurar a mão que escreveu a gentil carta que acabo de receber e cujas palavras me curariam, se algo pudesse me curar. Não o verei, pois estou muito perto da morte e centenas de léguas separam você de mim, pobre amigo! A sua Marguerite de antigamente está bem mudada, e que você não a torne a ver talvez seja melhor do que vê-la tal como ela está. Você me pergunta se eu o perdoo. Oh, de todo o coração, querido, pois o mal que você quis me fazer nada mais era do que uma prova do amor que tinha por mim. Faz um mês que estou na cama, e tenho tanto apreço à sua estima que cada dia escrevo o diário da minha vida, desde o momento em que nos separamos até o momento em que não mais terei forças para escrever.

Se o interesse que tem por mim é verdadeiro, Armand, na sua volta, vá à casa de Julie Duprat. Ela lhe entregará o diário. Nele você encontrará a razão e a explicação daquilo que se passou entre nós. […]

Caso você não mandasse notícias, ela estava encarregada de entregar-lhe estes papéis quando de sua chegada na França. Não fique agradecido. Este retorno cotidiano aos únicos momentos felizes de minha vida me faz um bem enorme, e se você encontra nesta leitura a explicação do passado, eu mesma encontro nela um contínuo alívio.

Queria deixar para você alguma coisa que me trouxesse sempre à sua mente, mas tudo se encontra na minha casa, e nada me pertence.

Compreende, meu amigo? Vou morrer e do meu quarto ouço caminhar no salão o guarda que meus credores lá colocaram para que nada seja levado e para que nada me reste, caso eu não morra. Espero que eles aguardem pelo meu fim para iniciar a venda. Oh, os homens são impiedosos! Ou, talvez me engano, é Deus que é justo e inflexível.

Pois bem, meu amado, você virá ao meu leilão, e comprará alguma coisa, pois, se eu separar para você a menor coisa que seja, e se alguém souber disso, serão capazes de acusá-lo por desvio de objetos confiscados.

Triste a vida que eu deixo!

Deus seria bom, se permitisse que eu o visse novamente antes de morrer! Segundo todas as probabilidades, adeus, meu amigo. Perdoe-me se não escrevo mais longamente, mas aqueles que dizem que me curarão me esgotam com sangrias e minha mão se recusa
a escrever mais.

Marguerite Gautier

DUMAS FILHO, Alexandre. A Dama das Camélias. Tradução: Caroline Chang. Porto Alegre: L&PM, 2004. p. 32-34.

1. Marguerite, a cortesã por quem Armand se apaixona perdidamente, separa-se dele para não comprometer o futuro do jovem. A moça toma essa atitude em nome do amor que sente por ele. Que elementos da carta revelam o amor de Marguerite por Armand?

2. De que maneira o fato de Marguerite abandonar Armand, apesar do sentimento que tem por ele, revela a força desse amor e o caráter da moça?

3. No trecho citado, a situação em que se encontra Marguerite, física e financeiramente, contribui para intensificar o tom “dramático” da narrativa, algo típico dos romances românticos. Explique.

4. Depois de ser abandonado por Marguerite sem saber os motivos que a levaram a tomar tal atitude, Armand fica cego de ódio e tenta vingar-se, humilhando-a em virtude de sua condição de cortesã. Depois, escreve à jovem pedindo perdão. Releia a resposta dela ao pedido dele.

“Você me pergunta se eu o perdoo. Oh, de todo o coração, querido, pois o mal que você quis me fazer nada mais era do que uma prova do amor que tinha por mim.”

Considerando o trecho transcrito, explique como Marguerite avaliou a conduta de Armand.

5. Desde o agravamento de sua doença, Marguerite passa a dedicar-se a registrar seus dias em um diário. Com que objetivo ela faz isso?

6. Que tipo de sentimento a escrita do diário gera na personagem?

7. A Dama das Camélias abandona a vida de cortesã em nome de seu amor por Armand, mas é obrigada a separar-se do jovem. No final, morre distante dele sem poder desfrutar da felicidade dessa paixão. De que maneira tal desfecho revela a concepção moralista do romance, determinada pelo contexto em que o autor viveu?