Libertando-se dos enganos da aparência

É impressionante a capacidade que o ser humano tem de, em certas situações, tecer julgamentos ancorados apenas na aparência e, assim, destituídos de inteireza. Temos a esquizofrênica tendência a, muitas vezes, definir e conceituar a realidade a partir daquilo que nos sinalizam as aparências, estacionando, dessa forma, na exterioridade e não conhecendo as pessoas em seu íntimo e intenções profundas.

Quem julga a partir de aparências correrá o sério risco de cometer inúmeras injustiças, oprimindo aqueles que, porventura, não se encaixem em seus embalsamados padrões de perfeição.

Neste artigo, mais um da série de reflexões, vamos tratar disso. Não deixe também de acessar nossa seção de estudos bíblicos.

Libertando-se dos enganos da aparência

Quem é, realmente, maduro não toma decisões a partir de simpatias ou antipatias, nem motivado por aparências. Estas – simpatias e antipatias – são realidades comuns a todo processo relacional, contudo, elas não podem se estabelecer como parâmetro para decisões e julgamentos acerca de pessoas.

Muitas vezes, quem não se aliena para nos agradar/bajular ao máximo grau, acaba sendo descartado por nossa carente e imatura maneira de absorver a vida e as pessoas.


As pessoas são muito mais do que imaginamos que sejam, e não temos o direito de as aprisionar na impressão que delas tivemos.

Não julguemos pela aparência, mas façamos uma experiência madura com o outro
Vivemos em uma sociedade que nos ensina a desconfiar constantemente de todos e a nunca acreditar em ninguém. Entretanto, faz-se necessário acreditar nas pessoas sem exigir que sejam o que queremos, e tendo a caridade de as deixar apenas acontecer.

Precisamos acreditar que todo ser humano quer, verdadeiramente, acertar em sua história. Ninguém erra porque quer, ninguém elege a infelicidade como projeto de vida. Todo ser humano quer ser feliz na vida, mesmo quando busca isso sem o devido êxito. Por isso, é necessário sermos mais misericordiosos com nossos semelhantes buscando enxergar além das aparências.

É preciso buscar fazer uma experiência com cada pessoa, antes de a aprisionar em um rótulo infeliz.

É salutar e sinal de humanidade se prender mais ao que as pessoas têm de bom, sem as querer transformar em meras “cópias” daquilo que acreditamos ser o correto.

O combustível para a maturidade e o crescimento de alguém é ser acreditado, mesmo quando a sua aparência e o que ela manifesta não agrada tanto.

Lutemos para nos desprendermos das armadilhas da imagem, e busquemos ver o coração das pessoas, pois todos têm o direito de tentar; e isso mesmo quando o fruto da tentativa for o erro.

A fragilidade que Jesus mais condenou em Seu tempo não foi tanto o assassinato nem o adultério, mas a hipocrisia. Ele bem conhecia a precariedade de nosso olhar e de nossa compreensão, por isso mesmo nos ensinou como agir diante daqueles que, na aparência, não nos agradarem nem nos bajularem o bastante: “Eu não te condeno. Vá…” (cf. Jo 8,11b).

O Homem de Nazaré sempre acreditou no homem e sempre deu a este uma nova chance para acontecer, mesmo sabendo quem de fato ele é. Aprendamos, pois, com o Seu sublime exemplo.