Problemas sexuais a partir dos 50 anos

O grau de adaptação sexual de duas pessoas é mais uma vez posto à prova quando começa a idade madura. Quanto mais esclarecido for o casal, mais preparado estará para enfrentar e resolver todo tipo de problema.

Na idade madura, por volta dos 50 anos, o casal enfrenta mais uma situação bastante importante do equilíbrio sexual. Nessa época ocorrem mudanças nas atividades e atitudes relativas ao sexo. É comum observar mulheres completamente desinteressadas, enquanto seus maridos podem e querem continuar com o relacionamento. O oposto, menos frequente, também ocorre.

Uma outra situação, que às vezes acontece, é a do homem que procura defender-se da velhice através de aventuras extraconjugais. Mas os maiores obstáculos para que o sexo na idade madura seja vivido em toda a sua plenitude são os preconceitos do tipo “estas coisas não ficam bem em nossa idade”, que revelam ainda a dificuldade da maioria das pessoas em aceitar o sexo como uma das formas de realização do indivíduo. O casal sexualmente adaptado é aquele que nunca se fecha aos estímulos eróticos; não evita, por falso pudor, lançar mão de recursos para manter a atração sexual e sabe que, embora já longe das grandes paixões, a união de um casal já bem mais velho tem sobre a dos jovens a vantagem da experiência e do conhecimento profundo em dar e receber amor.

AS CAUSAS DO DESEQUILÍBRIO SEXUAL

Se, nos anos iniciais da união, o homem estava no auge de sua potência e cabia a ele, muitas vezes, despertar o interesse da companheira menos experiente e ajudá-la a se desenvolver nesse aspecto, na maturidade o casal enfrenta muitas vezes o problema oposto. Entre os 30 e os 50 anos, a mulher já se libertou de uma série de preconceitos e já aprendeu muito sobre o sexo. Ela, nesta idade, está bastante apta a uma atividade sexual mais ajustada. Entretanto, o marido, normalmente mais experiente, tende a apresentar uma diminuição no seu interesse sexual. Além disso, o fato de que nessa idade ele deverá ter atingido a plenitude de sua realização profissional, pode levá-lo a se concentrar excessivamente no trabalho. Por isso, será exigido da mulher mais iniciativa para que a vida sexual não caia na rotina.

Segundo as pesquisas do médico americano Alfred Kinsey, a exigência sexual do homem que vive na cidade grande é, consideravelmente, mais forte que a do homem do interior, ficando o habitante das cidades pequenas num meio-termo entre estes extremos. Deduz-se daí o quanto a sexualidade masculina é influenciada por excitações externas, pois o habitante de uma grande cidade é mais estimulado erotica-mente que o das cidades pequenas.

Por outro lado, esses estímulos eróticos — que o homem recebe através de fotos, cartazes e filmes com figuras femininas — tornaram muitos homens inseguros sobre a sua própria masculinidade. E a insegurança e a impotência estão muito ligadas psicologicamente.

ORIGENS DE ALGUNS PROBLEMAS COMO A IMPOTÊNCIA

Sabe-se que o mais alto grau de potência no homem é atingido entre os 15 e os 20 anos, com grande frequência sexual, especialmente de masturbação. Já o comportamento do homem de mais de 50 anos difere em vários pontos, apresentando grande flutuação individual em relação ao comportamento sexual.
É sabido que o homem com boa saúde, equilíbrio psíquico e frequência regular na atividade sexual pode mantê-la até mais de 70 anos de idade. E isso muitas vezes não ocorre devido a três fatores:

1) relaxamento da sexualidade no matrimônio;

2) desgaste físico ou mental produzido por ansiedade em relação à carreira profissional ou ao bem-estar económico;

3) receio do fracasso sexual.

O medo do fracasso sexual (que também pode levar a mulher à frigidez), parece ter mais influência no homem. O medo de que a união possa não ser satisfatória para os dois, pode impedir que ele tenha ereção.

Um fator que deve ser levado muito a sério como causa de distúrbios de potência é a fadiga física e mental, que antes era problema quase exclusivo de homens muito mais velhos, e que já surgem hoje em homens de 30 anos.

Mas, de todos os fatores que ameaçam a energia sexual masculina, o mais comum é o relaxamento da sexualidade no matrimónio. Nesses casos, uma esposa esclarecida pode fazer muita coisa se aprender a maneira de trazer o marido às atividades sexuais.

Também já foi provado que, na sexualidade, os fatores psicológicos têm mais importância que os biológicos. Isto significa que, exceto no caso de um problema orgânico sério, o impulso sexual não é afeta-do, desde que não haja nenhum fator emocional impedindo a sua manifestação. Conclui-se que um fator biológico, como a idade madura, não pode por si só determinar uma queda no interesse pela atividade sexual num casal cuja união não se deteriorou por outros fatores. Mais grave que o aumento da idade é a atitude do casal que se fechou aos estímulos eróticos ou deixou enfraquecer suas atividades sexuais.

Estatísticas americanas mostram que a média de relações sexuais no grupo de casados entre os 16 e os 20 anos é de 4 a 5 vezes por semana. Esta taxa decresce lentamente entre os de meia-idade até atingir, entre os de 60 anos, menos de uma vez por semana.

É claro que a idade é um fator importante para essa diminuição, mas pergunta-se se o próprio casamento não é também responsável. Na prática, sabe-se que muitas vezes o desinteresse sexual só se apresenta em relação à própria mulher, pois é na idade madura que há maior incidência de aventuras extraconjugais. Por isso, cabe aos casais superarem essas condições.

MENOPAUSA E IMPULSO SEXUAL

Dúvidas do tipo “será normal que a mulher depois da menopausa ainda tenha necessidades sexuais e procure satisfazê-las?” são comuns entre mulheres aparentemente esclarecidas. Ainda se acredita que o impulso sexual desaparece com o fim do ciclo menstrual ou que, pelo menos, deve ser inibido porque isso “não fica bem”.

Os chamados anos de transição da mulher começam, em média, por volta dos 48 anos. Mais da metade das mulheres observam os primeiros sinais entre os 45 e os 50 anos; 30% entre os 50 e os 55 e as outras pouco mais cedo ou mais tarde. Mas só a ausência definitiva da menstruação assinala o fim da menopausa, que é a cessação da atividade dos ovários. A modificação que então ocorre causa às mulheres perturbações semelhantes às do início da puberdade. Mas as consequências desses fenómenos sobre o impulso sexual são determinadas menos pela modificação hormonal do que por estímulos emocionais. Em muitas mulheres, o impulso sexual parece se acentuar, como que para livrá-las do temor da velhice que se aproxima e do medo de não serem mais desejáveis.

A cessação da atividade ovariana e a diminuição de certos hormônios vão, certamente, modificar o aparelho sexual feminino. Os órgãos genitais sofrem um enrugamento e diminui também a secreção glandular que permite a sua lubrificação.

Mas nenhum desses fatores é motivo suficiente para a suspensão da atividade sexual do casal que sabe a importância de mantê-la. Tudo dependerá de sua capacidade de se adaptar às suas novas condições fisiológicas. E, para a mulher, um fator de grande importância será o carinho que o companheiro souber demonstrar. As pesquisas revelam que grande número de mulheres atingem o orgasmo pela primeira vez após a menopausa, pois só então conseguem se entregar, livres de medo, tensão e inibições.