Câncer → sintomas, prevenção e tratamentos

Apesar de o câncer ser conhecido desde a Antiguidade, só há bem pouco tempo a ciência descobriu o que acontece ao organismo atacado pela moléstia.

As células normais do corpo humano têm um processo de desenvolvimento uniforme. Até a idade adulta, elas se reproduzem rapidamente para formar o organismo completo, e cada tecido tem um determinado tipo de célula, bem definido e conhecido. Depois da idade adulta, o organismo continua a “fabricar” alguns tipos de células para substituir as que morrem. Por motivos que aos poucos vêm sendo esclarecidos pela ciência, algumas células podem começar a crescer desordenadamente em qualquer parte do corpo, sem nenhuma relação com as células do tecido onde se encontram. Instala-se então o câncer, produzindo um agregado de células anormais que, posteriormente, forma um tumor. Este, por sua vez, pode “dispensar” uma ou várias células cancerosas para a formação de novos agregados de células anormais em outras partes do corpo.

A invasão de tecidos vizinhos ou distantes da área afetada (chamada de metástase) pode ocorrer de três maneiras diferentes:

Por migração direta — Esta forma de difusão do câncer no organismo deve-se ao fato de algumas células doentes serem capazes de se movimentar. Instalam-se não muito longe da primeira formação, criando um segundo agregado de células anormais, e assim por diante.

Pela corrente sanguínea — Também é possível que o câncer invada regiões mais distantes do tumor primário, através da locomoção de células pelo sangue, que as deposita em algum outro local, dando origem a novas formações cancerosas.


Pelo sistema linfático — Os linfáticos são um conjunto de vasos que, na forma e função, atuam como veias e artérias.

Os capilares linfáticos (os mais fininhos) nascem nos espaços existentes entre as células. Vão ficando mais volumosos e se transformam em vasos linfáticos, espalhados por todo o corpo, como as artérias e veias. Sua missão é limpar os tecidos. A linfa, o líquido que circula dentro desses vasos, é despejada dentro das veias no fim de sua viagem. Se a célula cancerosa for colhida por um desses vasos, caminha dentro dele e é também lançada na corrente sanguínea, espalhando-se rapidamente por todo o corpo.

SINTOMAS QUE FACILITAM O DIAGNÓSTICO

Atualmente, a prevenção do câncer está muito desenvolvida. Alguns sintomas facilitam o diagnóstico precoce da moléstia, o que, em última análise, significa a cura para grande parte dos casos. Isso porque, uma vez removido ou destruído o câncer, antes que tenha possibilidade de se difundir, é mais fácil atingir a cura total. Os sintomas podem ser facilmente percebidos e a presença de um é suficiente para que se procure logo o médico. Alguns deles:

1) Ferida que não cicatriza.

2) Tosse   ou   rouquidão   persistente.

3) Formação de tumores ou caroços, principalmente nos seios.

4)  Hemorragias e corrimentos por qualquer dos orifícios naturais do corpo, como boca, nariz, ânus, vagina e uretra.

5) Perda anormal de peso.

6) Mudança nos hábitos intestinais, de caráter persistente, ocasionando prisão de ventre ou diarreia anormais.

7) Má   digestão.   Constante   ou persistente dificuldade em engolir (é queixa comum a impossibilidade de engolir alimentos, especialmente sólidos,   que   ficam   “atravessados” antes de chegarem ao estômago).

De modo geral, esses sintomas não são acompanhados de dor, que só aparece nos estágios avançados da doença. E mesmo esses sintomas, às vezes, não querem dizer nada, pois são frequentes em outros tipos de doenças. Mas, como várias formas de câncer são tratáveis apenas na fase inicial, é recomendável que se peque por exagero, procurando um médico por qualquer uma dessas manifestações, a deixar que uma possibilidade se transforme em realidade irreversível.

EXAMES E INCIDÊNCIA

Geralmente, o diagnóstico de câncer requer uma série de exames como de sangue, urina, fezes e também radiografias (que podem ou não ajudar a definir se um determinado sintoma corresponde a um tumor maligno). Além disso, utiliza-se um método cirúrgico, a biopsia, para qualificar o tipo de célula cancerosa da região afetada. Na biopsia, o paciente é anestesiado e o médico retira um pequeno pedaço do tumor. Imediatamente, é feita uma análise histológica (estudo do tecido), exame de cortes muito finos da parte retirada, em pequenos pedaços que são corados por processos especiais e examinados ao microscópio. Os resultados desse exame dirão se as células são ou não normais.

Os tipos de câncer diferem conforme a variedade de tecidos do corpo humano. São estes os mais comuns, relacionados conforme sua maior ou menor incidência em indivíduos do sexo masculino e feminino:

Homens — Pele (19%), boca (3%), aparelho respiratório (18%), aparelho digestivo (24%), aparelho urinário (7%), aparelho genital (12%), linfomas (8%), outros- tipos (9%).

Mulheres  —  Pele (11%), boca (2%), aparelho respiratório (4%), seios (23%), aparelho digestivo (22%), aparelho urinário (3%), aparelho genital (21%), linfomas (6%), outros tipos (8%).

Desde o começo do século tem aumentado o índice de câncer do pulmão, quase na mesma proporção do aumento do consumo de cigarros. Já foi provado que o benzopireno, elemento encontrado no fumo dos cigarros, é capaz de provocar câncer em animais e no pulmão de seres humanos.

As possibilidades de cura do câncer do útero variam em torno de 46%, mas poderiam atingir quase 80% se a doença fosse descoberta com maior rapidez. Para prevenção do câncer uterino, a mulher de mais de trinta anos deve fazer, pelo menos uma vez por ano, o exame do esfregaço cervical (colo do útero). Este exame, chamado colpocitologia vaginal (estudo das células do colo do útero através da vagina) é acompanhado da colposcopia (método visual, por sistema de luz e lentes, para verificar possível existência de lesões).

Para os seios, existe um exame” simples que pode ser feito todos os meses por qualquer mulher. Consiste em apalpar cuidadosamente os seios e as axilas, com o corpo deitado. A constatação de um ou mais caroços, por menores que sejam, é motivo para que se procure imediatamente o médico. Modificações notáveis na estrutura da pele e do bico dos seios também são indícios reveladores de alterações anormais dos tecidos.

MÉTODOS DE TRATAMENTO DE CÂNCER

Ainda é relativamente pouco o que se sabe da natureza do câncer, suas causas e possibilidades de difusão. No entanto, só com os meios que os cientistas dispõem, sem conhecer a fundo as causas da moléstia, é possível salvar pelo menos 50% dos pacientes. Esta porcentagem poderia aumentar para 70% se o diagnóstico fosse precoce. É certo que milhares de cientistas estão envolvidos na pesquisa do porquê, como e onde o câncer se instala. Mas, tanto pacientes quanto médicos estão no fundo, muito mais interessados em encontrar a cura imediata da doença, única forma realmente eficaz de protegerem a vida para efetivamente participarem do tratamento de câncer.

Além de alguns medicamentos específicos, empregam-se métodos cirúrgicos ou radiações circunscritas à região doente para a cura do câncer.

A cirurgia para tratamento de câncer consiste em remover, completamente ou não, os tecidos cancerosos. Quando o tumor é localizado, o médico geralmente retira, além do tumor, os tecidos vizinhos suscetíveis de invasão de células cancerosas, assim como os gânglios linfáticos da periferia.

No começo do século, descobriu-se que as células cancerosas eram mais sensíveis à ação dos raios X e do rádio do que as células normais. Isso abriu um novo campo para a cura do câncer. Atualmente, usam-se os dois métodos, tomando-se o cuidado de não afetar as células normais da vizinhança. Uma célula normal pode se tornar cancerosa se exposta violentamente às radiações ou sucessivas e pequenas cargas radiativas, por tempo prolongado. Por isso, a utilização desses raios é limitada aos casos em que se tenha certeza de que eles não vão atingir outro local que não o do tumor maligno. Outros raios menos nocivos são conseguidos através da bomba de cobalto radiativo e do acelerador linear de partículas.

Há, também, um novo processo de radiações que tem sido empregado com sucesso. Consiste em agulhas ocas ou pequenas cápsulas cheias de substância radiativa que, colocadas no local doente, são capazes de liberar essas substâncias e destruir o tecido canceroso.

No que diz respeito à quimioterapia, há mais de um século existem medicamentos contra o câncer. Procura-se cada vez mais conseguir produtos capazes de destruir as células doentes sem afetar as células sadias. Até hoje, porém, o máximo que se conseguiu nesta área foram medicamentos capazes de evitar que o câncer se alastre, de aliviar as dores ou prolongar a vida dos pacientes. Mas nenhum medicamento para curar totalmente a doença foi ainda descoberto.

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O mais importante para a cura, entretanto, é reconhecer os perigos da moléstia e procurar imediatamente o médico logo que qualquer um dos sintomas for notado. Deve-se procurar afastar o medo que se tem do câncer, medo muito parecido com o que se tinha da tuberculose, há um século. Se esta doença, como tantas outras, foi pesquisada até que se descobriu como curá-la, é de se esperar que, de um momento para outro se descubra uma vacina ou algum outro método eficiente para a cura do câncer.