Dois exercícios sobre funções da linguagem

Uma das competências avaliadas pelo Enem na elaboração de suas provas é o domínio dos mecanismos que constituem a Língua Portuguesa. Quando falo de mecanismos, falo de recursos para tonar, por exemplo, a linguagem mais expressiva. Saber  como se dão as relações entre as palavras, o gênero textual a que pertence o texto dado, entender qual a função da linguagem presente ali e muito mais que não deve ser tomado de forma isolada, mas como parte de um todo que é a língua viva que falamos diariamente. Estes exercícios com gabarito são sobre isso e fazem parte do conteúdo que elaboro para meus alunos no Curso Português Pra Passar. Saiba mais sobre o curso clicando no botão abaixo.

 

Abaixo você verá os exercícios já com gabarito. Deixe um comentário para que eu saiba se ele foi útil para você.

Textos para os exercícios 1 e 2

Texto 1


A alma do apartamento mora na varanda

No terraço de 128 m², a família toma sol, recebe amigos para festas e curte a vista dos Jardins, em São Paulo. Os espaços generosos deste apartamento dos anos 50 recebem luz e brisa constantes graças às grandes janelas.
Os aromas desse apartamento de 445 m² denunciam que ele vive os primeiros dias: o ar recende a pintura fresca. Basta apurar o olfato para também descobrir a predileção do dono da casa por charutos, lírios e velas, espalhados pelos ambientes sociais. Sobre o fundo branco do piso e dos sofás, surgem os toques de cores vivas nas paredes e nos objetos. “Percebi que a personalidade do meu cliente é forte. Não tinha nada a ver usar tons suaves”, diz Nesa César, a profissional escolhida para fazer a decoração.
Quando o dia está bonito, sair para a varanda é expor-se a um banho de sol, pois o piso claro reflete a luz. O espaço resgata um pedaço do Mediterrâneo, com móveis brancos e paredes azuis. “Parece a Grécia”, diz a filha do proprietário. Ele, um publicitário carioca que adora sol e festa, acredita que a alma do apartamento está ali.

Edson G. Medeiros & Patrícia Patrício. Casa Cláudia.

Texto 2

O que mais me chateia na raiva é que sei, por experiência, que ela passa. A raiva, sim, é um pássaro selvagem: você tenta amansar ele, ganhar confiança, mas quando menos se espera ele bate as asas e foge. A gente fica então com uma fraqueza no peito, no corpo todo, como depois de uma febre. Querendo colo. Mas o pior é o período antes dessa fraqueza, todo mundo com os nervos inflamados, à flor da pele. As caras que por acaso rompiam a barreira do meu quarto eram todas de tragédia. (…)
Embora fosse antigamente uma princesa (…) eu me sentia um sapo (…). Eu estava muito cheia de raiva (no fundo, vergonha) e, embora tivesse gritado “perdão” à vista de todos, eu não queria me arrepender. Por isso estava ainda naquele inferno. No inferno, isso eu sei, é proibido o arrependimento. Continuamos fiéis aos nossos erros.

1. Quanto ao tipo de texto, que característica aproxima e que característica distancia os dois textos?

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1. A característica que os aproxima é que ambos são descrições e a característica que os distancia é o objeto de que tratam. No Texto 1, escrito em 3ª pessoa, fala-se de um apartamento, de um objeto do mundo exterior. Nele, predomina certa objetividade, com que se percebe sua Intenção propagandística; “Os espaços generosos deste apartamento dos anos 50 recebem luz e brisa constardes graças às grandes janelas”. Já no Texto 2, fala-se de um sentimento: o enunciador descreve a raiva, de modo extremamente subjetivo, desde a primeira linha, quando explícita a postura do “eu” em relação ao que descreve: “O que mais me chateia,..”

2. Tendo em vista sua resposta ao item anterior, conclua: que função da linguagem predomina em cada texto?

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2. No Texto I embora o texto esteja contaminado pela subjetividade, predomina a função referencial; no Texto 2, a função emotiva.