Exercícios de interpretação de textos – ESPERANÇAS
A interpretação de textos é uma habilidade fundamental para a compreensão de diversas áreas do conhecimento e para a vida cotidiana e neste artigo eu trago alguns exercícios de interpretação de textos para te ajudar. Para interpretar um texto de forma eficaz, é necessário atentar-se a alguns aspectos importantes que facilitam a análise e a compreensão do conteúdo. Nesta introdução, vamos compartilhar algumas dicas valiosas para aprimorar sua interpretação de textos, seguidas de um exercício prático com gabarito.
Dicas para Melhorar a Interpretação de Textos
- Leia o texto integralmente: Antes de começar a responder qualquer pergunta, é crucial ler todo o texto para ter uma visão geral do assunto abordado.
- Identifique o tema principal: Entenda qual é o tema central do texto. Isso ajuda a contextualizar as informações e a responder perguntas de maneira mais precisa.
- Anote pontos-chave: Durante a leitura, sublinhe ou anote as informações mais importantes, como personagens, datas, locais e eventos significativos.
- Preste atenção nas palavras-chave: Palavras e expressões repetidas ao longo do texto geralmente indicam conceitos importantes.
- Observe a estrutura do texto: Note como o texto está organizado (introdução, desenvolvimento, conclusão) e como as ideias estão conectadas.
- Interprete os sinais de pontuação: A pontuação pode mudar o sentido das frases e fornecer pistas sobre a entonação e a intenção do autor.
- Contextualize vocabulário desconhecido: Se encontrar palavras que não conhece, tente inferir seu significado pelo contexto em que estão inseridas.
Agora que você está munido de algumas dicas valiosas, vamos colocar em prática com um exercício de interpretação de textos.
Exercícios de interpretação de textos com gabarito
ESPERANÇAS
Apesar de 4 bilhões de pessoas viverem na pobreza, entre os seis bilhões de habitantes da Terra, as pessoas simples continuam a acreditar num futuro melhor. Não importa se esse sentimento brota da emoção, da fé ou da esperança.
O importante é ressaltar que a crise de uma concepção científica do mundo abre, agora, a perspectiva de que os caminhos da história não sejam apenas aqueles previstos pelas largas avenidas das ideologias modernas.
Os atalhos são, hoje, as vias principais, como o demonstram o Fórum Social de Porto Alegre e a força das mobilizações contra o atual modelo de globalização. Assim como o aparente perfil caótico da natureza ganha um sentido evolutivo e coerente na esfera biológica, do mesmo modo haveria um nível – que o Evangelho denomina amor – em que as relações humanas tomam a direção da esperança.
É verdade que, com o Muro de Berlim, ruiu quase tudo aquilo que sinalizava um futuro sem opressores e oprimidos. Agora as leis do mercado importam mais do que as leis da ética.
Mas, e a pobreza de 2/3 da humanidade? O que significa falar em liberdades quando não se tem acesso a um prato de comida? Esta é a grande contradição da atual conjuntura: nunca houve tanta liberdade para tantos famintos! Mesmo os povos que no decorrer das últimas décadas não conheceram a pobreza e o desemprego agora se deparam com esses flagelos, como ocorre nos países do leste europeu.
A ironia é que, hoje, aqueles povos são livres para escolher seus governantes, podem circular por suas fronteiras e manifestar suas discordâncias em público. Mas lhes é negado o direito de escolher um sistema social que não assegure a reprodução do capital privado.
(Frei Beto, in O Dia, 19/8/01)
1) O texto pode ser entendido como um manifesto contrário ao:
a) presidencialismo
b) parlamentarismo
c) comunismo
d) socialismo
e) capitalismo
2) “Nunca houve tanta liberdade para tantos famintos.” No trecho destacado, o autor questiona o valor:
a) da globalização
b) da democracia
c) das políticas econômicas
d) das privatizações
e) do governo
3) No texto, só não há correspondência entre:
a) esse sentimento e crença num futuro melhor.
b) atalhos e Fórum e força das mobilizações.
c) aparente perfil caótico e sentido evolutivo.
d) Muro de Berlim e opressores e oprimidos.
e) seus governantes e lhes.
4) Segundo o autor, os povos do antigo bloco comunista do leste europeu:
a) continuam sem liberdade de expressão.
b) hoje são mais felizes porque são livres.
c) são irônicos, apesar de livres.
d) não são totalmente livres.
e) sofrem com a ironia do governo.
5) O sinônimo adequado para “ressaltar” é:
a) demonstrar
b) dizer
c) destacar
d) apontar
e) afirmar
6) O grande paradoxo do mundo atual seria:
a) simplicidade – esperança
b) concepção científica – fé
c) liberdade – fome
d) esfera biológica – amor
e) sistema social – capital privado
7) “É verdade que, com o Muro de Berlim, ruiu quase tudo aquilo que sinalizava um futuro sem opressores e oprimidos.” Só não há paráfrase do trecho destacado acima em:
a) Com o Muro de Berlim, certamente, caiu tudo que apontava para um futuro sem opressores e oprimidos.
b) É certo que vieram abaixo, com o Muro de Berlim, todas as coisas que sinalizavam um futuro sem opressores e oprimidos.
c) Com a queda do Muro de Berlim, na verdade, veio abaixo tudo aquilo que apontava para um futuro sem opressores e oprimidos.
d) É verdade que, por causa do Muro de Berlim, veio abaixo tudo que sinalizava um futuro sem opressores e oprimidos.
e) Ruiu, certamente, com o Muro de Berlim, tudo aquilo que sinalizava um porvir sem opressores e sem oprimidos.
Gabarito dos exercícios de interpretação
1) Letra e
Alguns trechos sugerem essa postura do autor, principalmente o seguinte: “Agora as leis do mercado importam mais do que as leis da ética.” As leis do mercado, evidentemente, dizem respeito ao capitalismo. Só que – e aí está a maior crítica – elas valem mais do que as leis da ética.
2) Letra b
A palavra-chave, aqui, é liberdade, intimamente associada à democracia. O questionamento – e isso está bem claro – é a quantidade de pessoas famintas, apesar da liberdade trazida pela democracia.
3) Letra e
O pronome pessoal “lhes” não tem como referente o termo “seus governantes”, e sim “aqueles povos”. Entende-se: “Mas é negado àqueles povos o direito de escolher…”
4) Letra d
Eles não são totalmente livres porque, como se vê no último parágrafo, não têm o direito de escolher um sistema social que não assegure a reprodução do capital privado
5) Letra c
Questão de sinônimo. Não há o que discutir. A palavra ressaltar significa destacar.
6) Letra c
O paradoxo pode ser entendido como uma contradição, pelo menos na aparência. Os termos que, com base no texto, possuem essa característica são liberdade e fome. A liberdade não deveria contribuir para o aumento da fome, conforme coloca o autor. Aliás, o texto se baseia nesse paradoxo, nessa contradição que se tornou uma triste realidade.
7) Letra c
A paráfrase, como já vimos, é uma reescritura em que se mantém o sentido básico do texto. Esta questão é delicada e, com certeza, vai enganar muitas pessoas. O problema é como entender “com o muro de Berlim”. A tendência talvez seja achar que o autor quisesse dizer “com a queda do muro de Berlim”, já que esse é um fato histórico que marcou a humanidade e é recente, comparado com a sua construção. Mas aí o texto não teria lógica alguma. Na realidade, o significado é de “com a construção do muro de Berlim”. Só assim tem sentido o restante do trecho: “ruiu quase tudo aquilo que sinalizava um futuro sem opressores e oprimidos”. Se fosse “com opressores”, a ideia seria realmente de queda do muro de Berlim. A alternativa c apresenta, assim, uma mudança de sentido absurda ao afirmar “Com a queda do muro de Berlim”.