Enem – A construção do sentido
O artigo de hoje é o primeiro dentro da seção de Língua Portuguesa em nosso site. Este novo projeto e extensão de outros como o Português |Pra Passar, site onde publico algumas atividades de leitura e interpretação já com gabarito. É sempre bom lembrar que, inclusive, os sites da minha rede são referência no estudo da Língua Portuguesa e servem para o Guia do Estudante como referência de material de estudo para seus leitores. Ao longo dos anos desenvolvi inúmeros projetos na internet e, desta vez, quero centralizá-los todos aqui. É um projeto ambicioso nos ideais a que se propõe, mas todos bastante concretos. Vamos então ao primeiro artigo de revisão de Língua Portuguesa para o Enem e o vestibular.
A construção do sentido nos textos parte da combinação de vários elementos que atuam diretamente no mesmo. Bagagem cultural, intenções dos falantes, referências geográficas e também históricas são apenas alguns dos elementos que auxiliam o enunciador a transmitir sua mensagem ao receptor.
Exercícios sobre “A construção do sentido”
1. Você aprendeu a diferenciar as situações em que a linguagem utilizada em um texto está organizada em torno do eixo denotativo ou conotativo. Com base nos textos 1 e 2, transcritos a seguir, faça o que se pede.
Texto 1
Uma escrita secreta só para mulheres
Durante séculos proibidas de ler e escrever, as mulheres da província chinesa de Jiangyong acabaram por desenvolver seu próprio sistema secreto de escrita.
Vivendo sob o controle dos homens — em casamentos arranjados e violentos —, elas criaram o Nu Shu, que significa “escrita feminina”, para poder se comunicar e se ajudar por meio de poemas, narrativas e canções, às vezes bordados em panos. Baseados no chinês tradicional, os caracteres foram mudados de modo a ter novos significados e eram traçados de maneira delicada. O vocabulário foi extraído de um dialeto local. Hoje, poucas mulheres são capazes de ler e escrever Nu Shu, mas o governo já se comprometeu a destinar recursos para um museu e a feitura de um dicionário como forma de preservar a escrita.
National Geographic Brasil. São Paulo: Abril, ano 4, n. 37, maio 2003. (Fragmento).
Texto 2
Amor
O vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas. E cresciam árvores. Crescia sua própria conversa com o cobrador de luz, crescia a água enchendo o tanque, cresciam seus filhos, crescia a mesa com comidas, o marido chegando com os jornais e sorrindo de fome, o canto importuno das empregadas do edifício.
LISPECTOR, Clarice. In: Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. (Fragmento).
► Identifique se o uso da linguagem, em cada um deles, foi conotativo ou denotativo.
[otw_shortcode_content_toggle title=”Gabarito” opened=”closed” icon_type=”general foundicon-checkmark”] Texto 1: organizado em torno do eixo denotativo da linguagem. Texto 2: organizado prioritariamente em torno do eixo conotativo da linguagem.[/otw_shortcode_content_toggle]
► Explique a razão de sua “classificação”.
[otw_shortcode_content_toggle title=”Gabarito” opened=”closed” icon_type=”general foundicon-checkmark”] No caso do texto 1, o que se constata é a intenção de informar o leitor de uma revista sobre o comportamento de algumas mulheres chinesas que, proibidas de ler e escrever, desenvolveram um sistema próprio de escrita que burlava essa proibição. O texto 2, por sua vez, fala de uma mulher cuja vida está organizada em torno da família. Observa-se que, na introdução do conto “amor”, é basicamente conotativo o valor que se pode atribuir à sequência de ocorrências de predicados verbais introduzidos por “crescia”. Essa sequência é anunciada pela palavra sementes, também usada conotativamente.[/otw_shortcode_content_toggle]
>> Leia atentamente a tira a seguir.
2. A tira nos apresenta uma personagem que vai consultar o Livro dos provérbios para descobrir o que significa a expressão “Quem tem boca vai a Roma”.
► Qual é o sentido usual atribuído a esse provérbio?
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O sentido do provérbio é o de que as pessoas que se comunicam bem vão longe, chegam a qualquer lugar que desejem.
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► A resposta encontrada pela personagem confirma esse sentido? Por quê?
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Não. Segundo o Livro dos provérbios, esse provérbio deve ser entendido de outra maneira: “Roma não admite desbocados”. Esse seria o sentido denotativo dos termos “Quem tem boca vai a Roma” (portanto, quem não tem boca não pode ser admitido em Roma…) e provoca riso porque, como ocorre com provérbios e ditos populares, as palavras são tomadas sempre no seu valor conotativo. Interpretá-las denotativamente não faz sentido.
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► É possível interpretar a resposta encontrada de modo figurado. Explique.
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► O termo “desbocado”, nesse caso, deveria ser entendido como fazendo referência a pessoas que falam palavrões. E o provérbio, nessa leitura “humorística” significaria, literalmente, “Roma não admite quem fale palavrões”.
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>> Leia a charge a seguir.
BIRA. In: MASTROTTI, Mario Dimov (Org.). Humor pela paz e a falta que ela faz. São Caetano do Sul: Virgo, 2002
3. Observe que a expressão “ver umas minas na areia” é comumente utilizada com um determinado sentido.
► Que sentido é esse?
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A expressão é normalmente utilizada no sentido figurado, isto é, significa que os jovens vão à praia para paquerar as garotas (as minas) em trajes de banho.
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► Com que sentido ela é utilizada pelo soldado uniformizado? Justifique sua resposta.
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► O soldado uniformizado utiliza a expressão em seu sentido literal. Isso pode ser comprovado pelos elementos visuais da charge. Quem propõe o convite é um oficial do exército que está diante de uma barraca em acampamento militar. O título da charge é, justamente, “guerra no golfo”. as minas às quais se refere são os engenhos de guerra camuflados e escondidos sob a areia, que contêm matérias explosivas. No entanto, seu interlocutor se equivoca e compreende que se trata de garotas na praia, por esse motivo se prepara com trajes próprios para passeio, como óculos de sol, camisa florida e bermuda.
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4. Os enunciados a seguir, de sentido denotativo, foram construídos a partir de conhecidos provérbios. Procure identificá-los, recuperando, assim, o sentido conotativo que as palavras devem ter nesse tipo particular de discurso.
• A substância inodora e incolor que já se foi não é mais capaz de comunicar movimento ou ação ao engenho especial para triturar cereais.
• Quando o sol está abaixo do horizonte a totalidade dos animais domésticos da família dos felídeos são de cor mescla entre branco e preto.
• Aquele que anuncia por palavras tudo que satisfaz ao seu ego tende a perceber pelos órgãos da audição coisas que não se destinam a aumentar-lhe o sentimento de euforia.
PAULILLO, Maria Célia R. A. Literatura comentada: Millôr Fernandes. São Paulo: Abril Educação, 1980.
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Águas passadas não movem moinhos. / À noite, todos os gatos são pardos. / Quem diz o que quer ouve o que não quer.
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5. Procure construir, assim como Millôr Fernandes, enunciados de sentido denotativo a partir dos provérbios a seguir.
► Quem ama o feio, bonito lhe parece.
► Santo de casa não faz milagre.
► O diabo não é tão feio quanto se pinta.
[otw_shortcode_content_toggle title=”Gabarito” opened=”closed” icon_type=”general foundicon-checkmark”] As reelaborações dos provérbios apresentadas a seguir foram propostas pelo humorista Millôr Fernandes. Devem ser aceitas respostas pessoais dos alunos que cumpram adequadamente a tarefa proposta.
► Aquele que se deixa prender sentimentalmente por criatura totalmente destituída de dotes físicos, de encanto, ou graça, acha-o extraordinariamente dotado desses mesmos dotes que os outros não lhe veem.
► A criatura canonizada que vive em nosso próprio lar não é capaz de produzir feito extraordinário que vá contra as leis fundamentais da natureza.
► O espírito das trevas não é tão destituído de encantos e graças físicas quanto se o representa por meio de traços e cores.
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6. Com o objetivo de conscientizar os viajantes para uma postura de respeito ao meio ambiente, principalmente com relação ao lixo jogado nos locais turísticos, uma empresa de turismo patrocinou um projeto de educação ambiental para o turismo, orientado pelo Ibama.
► Como deve ser interpretado o enunciado “Passe suas férias a limpo”, na propaganda reproduzida acima?
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O enunciado deve ser interpretado em seu sentido figurado.
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► Que elementos permitem chegar a uma resposta ao item anterior?
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► Os elementos que permitem chegar ao sentido figurado são aqueles fornecidos na introdução à pergunta: a referência ao projeto de educação ambiental com o objetivo de conscientizar os turistas para a necessidade de uma postura de respeito ao meio ambiente. Com a associação dessas informações ao enunciado da propaganda, tem-se a leitura figurada da expressão “passar a limpo as férias”: os viajantes não devem sujar os locais turísticos durante suas férias, demonstrando assim a preocupação e o respeito para com o meio ambiente.
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>> Leia a tira a seguir.
7. Observe que a expressão usada pelo garotinho é comumente usada com um determinado sentido.
► Que sentido é esse?
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Esta expressão normalmente é usada em sentido figurado, isto é, significando que o emissor não tem condições de conquistar aquilo (ou a pessoa) que deseja.
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► Com que sentido ela é usada pelo garoto? Justifique sua resposta.
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► o garoto utiliza a expressão em seu sentido literal. Isto pode ser comprovado pelos elementos visuais da tira. Ele e seu colega estão “brincando”, na praia, de cobrir os banhistas com areia, que eles carregam em seus caminhões de brinquedo. A senhora a que ele se refere é obesa e, para cobri-la, ele precisará carregar mais areia do que seu caminhãozinho comporta; por isso, o uso literal da expressão.
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8. A Bamerindus Seguros, no dia dos namorados, veiculou, em revistas e jornais de circulação nacional, uma propaganda com o seguinte enunciado: Tanta coisa para fazer no escuro e você vai fazer logo seguro?
► A expressão “no escuro” pode ser entendida em dois sentidos. Quais são eles?
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A expressão pode ser entendida em sentido literal (na escuridão, sem luz) ou em sentido figurado (irrefletidamente).
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► Que relação se pode estabelecer entre o sentido literal da expressão “no escuro” e o fato de a propaganda ter sido veiculada no dia dos namorados?
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► Há uma relação entre o sentido literal do termo e o dia dos namorados. Fica implícito no trecho “tanta coisa para se fazer no escuro” uma alusão ao fato de que namorar “no escuro” (literalmente) seria uma das tantas coisas agradáveis de se fazer nesta situação.
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► Qual seria a interpretação adequada do enunciado da propaganda? em outras palavras: o que a seguradora estaria afirmando a respeito do seu produto?
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► A interpretação adequada seria a que leva em consideração o sentido figurado do termo, isto é, não se deve fazer um seguro de maneira irrefletida, sem pesquisar qual deles oferece as maiores vantagens. A seguradora, neste caso, estaria afirmando que o seu seguro é o que oferece as melhores condições para o segurado.
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9. Leia o texto a seguir.
— Muito bom dia, senhora, que nessa janela está; sabe dizer se é possível algum trabalho encontrar?
— Trabalho aqui nunca falta a quem sabe trabalhar;
o que fazia o compadre na sua terra de lá?
— Pois fui sempre lavrador, lavrador de terra má;
não há outra espécie de terra que eu não possa cultivar. […] — E se pela última vez me permite perguntar: não existe outro trabalho para mim neste lugar?
— Como aqui a morte é tanta, só é possível trabalhar nessas profissões que fazem da morte ofício ou bazar. Imagine que outra gente
de profissão similar, farmacêuticos, coveiros, doutor de anel no anular, remando contra a corrente da gente que baixa ao mar, retirantes às avessas, sobem do mar para cá. Só os roçados da morte compensam aqui cultivar, e cultivá-los é fácil: simples questão de plantar; não se precisa de limpa, de adubar nem de regar; as estiagens e as pragas fazem-nos mais prosperar; e dão lucro imediato; nem é preciso esperar pela colheita: recebe-se na hora mesma de semear.
MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. (Fragmento).
► Nesse trecho de Morte e vida severina, o poeta João Cabral de melo neto constrói uma imagem (figura) para representar a morte. Que imagem é essa? transcreva as palavras ou expressões que o autor usa para construir essa imagem.
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A imagem é a da morte como uma plantação, um roçado. as palavras e expressões foram destacadas no poema:
Só os roçados da morte compensam aqui cultivar, e cultivá-los é fácil: simples questão de plantar; não se precisa de limpa, de adubar nem de regar; as estiagens e as pragas fazem-nos mais prosperar; e dão lucro imediato; nem é preciso esperar pela colheita: recebe-se na hora mesma de semear.
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10. Leia o texto a seguir e responda ao que se pede.
Novos provérbios
Quem não deve não treme.
Quem tudo quer tudo pede.
A pressa é inimiga da refeição.
De grão em grão a galinha enche e eu papo.
NUNES, Max. Seleção e organização: Ruy Castro. O pescoço da girafa: pílulas de humor por Max Nunes. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
► É possível identificar o trabalho do sujeito com a linguagem na “reconstrução” de alguns provérbios. Que provérbios dão origem aos “novos”?
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Os provérbios originais são: “Quem não deve não teme”; “Quem tudo quer tudo perde”; “de grão em grão a galinha enche o papo”; “a pressa é inimiga da perfeição”.
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► De que recursos de linguagem se vale max nunes e que efeito pretende obter com sua utilização?
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► Nos três primeiros provérbios, Max Nunes mantém a estrutura do provérbio original, porém substitui a última palavra por um vocábulo de som semelhante mas de significado completamente diferente, conferindo assim um sentido novo ao dito popular. No último, o autor, ao introduzir o conectivo “e” e o pronome pessoal “eu”, produz um ditado com sonoridade semelhante ao original, mas com significado diverso. O provérbio original tem sentido conotativo e significa que quem persiste atinge seus objetivos; a reconstrução de Max Nunes tem sentido denotativo e significa que a galinha engorda e o sujeito a come. Com essa “subversão de sentidos” dos provérbios originais, o autor obtém um grande efeito de humor.
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Exercícios sobre “A construção do sentido”
1. Texto 1: organizado em torno do eixo denotativo da linguagem. Texto 2: organizado prioritariamente em torno do eixo conotativo da linguagem.
► No caso do texto 1, o que se constata é a intenção de informar o leitor de uma revista sobre o comportamento de algumas mulheres chinesas que, proibidas de ler e escrever, desenvolveram um sistema próprio de escrita que burlava essa proibição. O texto 2, por sua vez, fala de uma mulher cuja vida está organizada em torno da família. Observa-se que, na introdução do conto “amor”, é basicamente conotativo o valor que se pode atribuir à sequência de ocorrências de predicados verbais introduzidos por “crescia”. Essa sequência é anunciada pela palavra sementes, também usada conotativamente.
2. O sentido do provérbio é o de que as pessoas que se comunicam bem vão longe, chegam a qualquer lugar que desejem.
► Não. Segundo o Livro dos provérbios, esse provérbio deve ser entendido de outra maneira: “Roma não admite desbocados”. Esse seria o sentido denotativo dos termos “Quem tem boca vai a Roma” (portanto, quem não tem boca não pode ser admitido em Roma…) e provoca riso porque, como ocorre com provérbios e ditos populares, as palavras são tomadas sempre no seu valor conotativo. Interpretá-las denotativamente não faz sentido.
► O termo “desbocado”, nesse caso, deveria ser entendido como fazendo referência a pessoas que falam palavrões. E o provérbio, nessa leitura “humorística” significaria, literalmente, “Roma não admite quem fale palavrões”.
3. A expressão é normalmente utilizada no sentido figurado, isto é, significa que os jovens vão à praia para paquerar as garotas (as minas) em trajes de banho.
► O soldado uniformizado utiliza a expressão em seu sentido literal. Isso pode ser comprovado pelos elementos visuais da charge. Quem propõe o convite é um oficial do exército que está diante de uma barraca em acampamento militar. O título da charge é, justamente, “guerra no golfo”. as minas às quais se refere são os engenhos de guerra camuflados e escondidos sob a areia, que contêm matérias explosivas. No entanto, seu interlocutor se equivoca e compreende que se trata de garotas na praia, por esse motivo se prepara com trajes próprios para passeio, como óculos de sol, camisa florida e bermuda.
4. Águas passadas não movem moinhos. / À noite, todos os gatos são pardos. / Quem diz o que quer ouve o que não quer.
5. As reelaborações dos provérbios apresentadas a seguir foram propostas pelo humorista Millôr Fernandes. Devem ser aceitas respostas pessoais dos alunos que cumpram adequadamente a tarefa proposta.
► Aquele que se deixa prender sentimentalmente por criatura totalmente destituída de dotes físicos, de encanto, ou graça, acha-o extraordinariamente dotado desses mesmos dotes que os outros não lhe veem.
► A criatura canonizada que vive em nosso próprio lar não é capaz de produzir feito extraordinário que vá contra as leis fundamentais da natureza.
► O espírito das trevas não é tão destituído de encantos e graças físicas quanto se o representa por meio de traços e cores.
6. O enunciado deve ser interpretado em seu sentido figurado.
► Os elementos que permitem chegar ao sentido figurado são aqueles fornecidos na introdução à pergunta: a referência ao projeto de educação ambiental com o objetivo de conscientizar os turistas para a necessidade de uma postura de respeito ao meio ambiente. Com a associação dessas informações ao enunciado da propaganda, tem-se a leitura figurada da expressão “passar a limpo as férias”: os viajantes não devem sujar os locais turísticos durante suas férias, demonstrando assim a preocupação e o respeito para com o meio ambiente.
7. Esta expressão normalmente é usada em sentido figurado, isto é, significando que o emissor não tem condições de conquistar aquilo (ou a pessoa) que deseja.
► o garoto utiliza a expressão em seu sentido literal. Isto pode ser comprovado pelos elementos visuais da tira. Ele e seu colega estão “brincando”, na praia, de cobrir os banhistas com areia, que eles carregam em seus caminhões de brinquedo. A senhora a que ele se refere é obesa e, para cobri-la, ele precisará carregar mais areia do que seu caminhãozinho comporta; por isso, o uso literal da expressão.
8. A expressão pode ser entendida em sentido literal (na escuridão, sem luz) ou em sentido figurado (irrefletidamente).
► Há uma relação entre o sentido literal do termo e o dia dos namorados. Fica implícito no trecho “tanta coisa para se fazer no escuro” uma alusão ao fato de que namorar “no escuro” (literalmente) seria uma das tantas coisas agradáveis de se fazer nesta situação.
► A interpretação adequada seria a que leva em consideração o sentido figurado do termo, isto é, não se deve fazer um seguro de maneira irrefletida, sem pesquisar qual deles oferece as maiores vantagens. A seguradora, neste caso, estaria afirmando que o seu seguro é o que oferece as melhores condições para o segurado.
9. A imagem é a da morte como uma plantação, um roçado. as palavras e expressões foram destacadas no poema:
Só os roçados da morte compensam aqui cultivar, e cultivá-los é fácil: simples questão de plantar; não se precisa de limpa, de adubar nem de regar; as estiagens e as pragas fazem-nos mais prosperar; e dão lucro imediato; nem é preciso esperar pela colheita: recebe-se na hora mesma de semear.
10. Os provérbios originais são: “Quem não deve não teme”; “Quem tudo quer tudo perde”; “de grão em grão a galinha enche o papo”; “a pressa é inimiga da perfeição”.
► Nos três primeiros provérbios, Max Nunes mantém a estrutura do provérbio original, porém substitui a última palavra por um vocábulo de som semelhante mas de significado completamente diferente, conferindo assim um sentido novo ao dito popular. No último, o autor, ao introduzir o conectivo “e” e o pronome pessoal “eu”, produz um ditado com sonoridade semelhante ao original, mas com significado diverso. O provérbio original tem sentido conotativo e significa que quem persiste atinge seus objetivos; a reconstrução de Max Nunes tem sentido denotativo e significa que a galinha engorda e o sujeito a come. Com essa “subversão de sentidos” dos provérbios originais, o autor obtém um grande efeito de humor.
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