A importância do repertório para redação do Enem
Às vésperas das provas, é muito comum que os alunos procurem os professores para saber qual o tema mais provável para o vestibular que vão prestar e se há alguma proposta de redação que possam fazer para treinar.
Por que tantos deles manifestam essa preocupação?
A resposta é quase óbvia: é sempre mais conveniente escrever sobre um tema a respeito do qual já se refletiu.
Ou seja, quem tem maior carga de informação tem maiores possibilidades de discorrer de modo crítico e amadurecido sobre uma questão, de fato colaborando para enriquecer o debate social a respeito dela.
O problema é que essa preocupação muitas vezes se transforma em verdadeira armadilha: não há dúvida de que dispor de um repertório mais sólido sobre um tema pode favorecer o candidato, mas a tentativa de “encaixar” argumentos recolhidos de última hora, às vésperas da prova, pode arruinar completamente uma redação.
Não se espera somente que o aluno faça comentários sobre um tema, mas que ele se engaje em um debate cujo enfoque está estabelecido pela proposta.
Como exemplo, podemos usar uma proposta da Fuvest, incluída no final desta atividade.
Mesmo que alguém “adivinhasse” que a redação versaria sobre a amizade, isso não representaria vantagem.
Naquele ano, não bastava falar sobre a amizade: era fundamental refletir sobre um paradoxo que se configurava na relação entre os textos selecionados para constar da proposta e as instruções finais redigidas pela Banca examinadora: por um lado, é muito frequente, desde a Antiguidade, a apologia da amizade; mas, por outro, a possibilidade de se estabelecer uma relação tão solidária no mundo contemporâneo é cada vez menor.
As mesmas coisas acontecem com quem procura como fazer a redação do Enem.
Quem tem mais informação nem sempre obtém as melhores notas
Ter informação é fundamental, mas só se tornará uma vantagem se o repertório do redator puder se transformar em argumentos relevantes.
Ou seja, se for útil para a defesa de um posicionamento consistente a respeito do problema posto em discussão e se, de fato, servir ao seu projeto de texto, agregando profundidade e personalidade ao seu posicionamento.
Às vezes, justamente por ter bastante informação sobre um assunto, o candidato se perde: faz uma leitura desatenta da proposta e se preocupa mais com mostrar o que sabe sobre o assunto do que com articular seus argumentos em torno de uma tese, assumindo um posicionamento preciso a respeito da questão delimitada pela Banca e debatendo com as perspectivas delineadas na proposta.