Redação do Enem – correção e análise
Neste artigo você vai entender um pouco mais, na prática, como é que funciona a correção da prova de redação do enem. Claro que todo aluno comprometido com a prova espera tirar mil pontos na redação do Enem, mas nem todos conseguem justamente por continuarem cometendo erros básicos na hora da elaboração da mesma. Veja abaixo uma redação de um dos exames, mais precisamente a prova de 2011 e um comentário sobre a mesma.
Análise de redação do Enem
Redes Sociais: o uso exige cautela
Uma característica inerente às sociedades humanas é sempre buscar novas maneiras de se comunicar: cartas, telegramas e telefonemas são apenas alguns dos vários exemplos de meios comunicativos que o homem desenvolveu com base nessa perspectiva. E, atualmente, o mais recente e talvez o mais fascinante desses meios, são as redes virtuais, consagradas pelo uso, que se tornam cada vez mais comuns.
Orkut, Twiter e Facebook são alguns exemplos das redes sociais (virtuais) mais acessadas do mundo e, convenhamos, a popularidade das mesmas se tornou tamanha que não ter uma página nessas redes é praticamente como não estar integrado ao atual mundo globalizado. Através desse novo meio as pessoas fazem amizades pelo mundo inteiro, compartilham ideias e opiniões, organizam movimentos, como os que derrubaram governos autoritários no mundo árabe e; literalmente, se mostram para a sociedade. Nesse momento é que nos convém cautela e reflexão para saber até que ponto se expor nas redes sociais representa uma vantagem.
Hão saber os limites da nossa exposição nas redes virtuais pode nos custar caro e colocar em risco a integridade da nossa imagem perante a sociedade. Afinal, a partir do momento em que colocamos informações na rede, foge do nosso controle a consciência das dimensões de até onde elas podem chegar. Sendo assim, apresentar informações pessoais em tais redes pode nos tornar um tanto quanto vulneráveis moralmente.
Percebemos, portanto, que o novo fenómeno das redes sociais se revela como uma eficiente e Inovadora ferramenta de comunicação da sociedade, mas que traz seus riscos e revela sua faceta perversa àqueles que não bem distinguem os limites entre as esferas públicas e privadas “jogando” na rede informações que podem prejudicar sua própria reputação e se tornar objeto para denegrir a Imagem de outros, o que, sem dúvidas, é um grande problema.
Dado isso, é essencial que nessa nova era do mundo virtual, os usuários da rede tenham plena consciência de que tornar pública determinadas informações requer cuidado e, acima de tudo, bom senso, para que nem a própria Imagem, nem a do próximo possa ser prejudicada, isso poderia ser feito pelos próprios governos de cada pais, e pelas próprias comunidades virtuais através das redes sociais, afinal, se essas revelaram sua eficiência e sucesso como objeto da comunicação, serão, certamente, o melhor meio para alertar os usuários a respeito dos riscos de seu uso e os cuidados necessários para tal.
Comentário sobre a correção da redação do Enem
A participante demonstra ter compreendido a proposta da redação, desenvolvendo o tema dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. A redação organiza-se em cinco parágrafos. Na introdução (primeiro parágrafo), arrolam-se os meios de comunicação anteriores à internet e apresentam-se as redes sociais (virtuais) como o mais fascinante meio de comunicação da época atual. Nos três parágrafos seguintes, expõe-se o plano argumentativo: no segundo, apresenta-se o ponto de vista – não ter hoje uma página nessas redes sociais é não estar integrado no mundo globalizado -, entretanto, alerta-se que se deve ter cautela para saber até que ponto é uma vantagem se expor nas redes sociais; no terceiro parágrafo, reafirma-se o ponto de vista de que não saber os limites da exposição nas redes sociais pode colocar em risco a própria imagem perante a sociedade, pois, a partir do momento em que as informações pessoais forem disponibilizadas na rede, não mais poderão ser controladas; no quarto, ressalta-se que as redes sociais se revelaram como eficiente e inovadora ferramenta de comunicação da sociedade, mas, ao mesmo tempo, lembra-se de que é preciso distinguir a esfera pública da privada. Na conclusão (quinto parágrafo), retomam-se as ideias desenvolvidas nos parágrafos anteriores, alertando os usuários das redes de que devem ter bom senso para não tornar pública informação que possa prejudicar a sua imagem e a do próximo.
A tese apresentada é a de que não ter hoje uma página nas redes sociais é não estar integrado no mundo globalizado. Argumenta-se que, se são eficientes ferramentas de comunicação da sociedade, as redes sociais necessitam delimitar as esferas públicas e privadas. Logo, para usufruir dessa vantagem, o usuário precisa evitar a excessiva exposição na rede, sob o risco de comprometer moralmente a sua imagem.
No último parágrafo, identifica-se a proposta de intervenção para o problema abordado respeitando os direitos humanos: propõe uma parceria dos governos de diferentes países e das comunidades virtuais, para que as redes sociais não sejam utilizadas para denegrir a vida pessoal de quem as utiliza nem a do próximo.
A redação apresenta encadeamento lógico das ideias e demonstra que a participante soube selecionar, relacionar, organizar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista: o tema é desenvolvido de forma coerente, os argumentos selecionados são consistentes e justificam a tese defendida, a conclusão retoma o que foi exposto nos parágrafos anteriores, a proposta de intervenção está relacionada ao ponto de vista defendido e o título antecipa o enfoque que será dado ao tema.
Do ponto de vista da estrutura textual, percebe-se que a redação apresenta inúmeros recursos coesivos que garantem continuidade das ideias expostas no texto, revelando que a participante conhece os mecanismos linguísticos necessários à construção de uma dissertação-argumentativa. Identifica-se a utilização de pronomes e de termos ou expressões de base nominal para retomar referentes do contexto anterior: “alguns dos vários exemplos de meios comunicativos que o homem desenvolveu”; “o mais fascinante desses meios”; “a popularidade das mesmas se tornou tamanha”; “não ter uma página nessas redes”; “Através desse novo meio”; “como os que derrubaram”; “Nesse momento é que nos convém cautela”; “os limites da nossa exposição”; “da nossa imagem”; “do nosso controle”; “apresentar informações pessoais em tais redes”; “revela sua faceta perversa àqueles que”; “nessa nova era do mundo virtual”. Constata-se ainda o emprego adequado dos conectores para ligar orações, frases ou palavras e promover o encadeamento textual. Por exemplo, no segundo parágrafo, o conector “como” estabelece rejação com a palavra “movimentos”; a preposição “para” introduz finalidade; e a locução “até que”, em “cautela e reflexão para saber até que ponto”, indica um limite nas ações. No terceiro parágrafo, em “Afinal, a partir do momento”, o advérbio “afinal” introduz a conclusão. No quarto parágrafo, a conjunção “portanto” tem caráter conclusivo; e a conjunção adversativa “mas” aponta os riscos em contraste com as vantagens expostas anteriormente. No último parágrafo, a expressão “Isso poderia ser feito” introduz a proposta de intervenção.